
Durante uma operação coordenada pela Polícia Federal, uma mulher natural do Recife foi resgatada em Mianmar após viver três meses em situação de exploração sexual, forçada a atender clientes em um hotel localizado em uma região conhecida por abrigar atividades ilícitas. A vítima, que teve sua identidade preservada, foi libertada na sexta-feira (6) durante a Operação Double Key, cujo desdobramento foi divulgado no domingo (8).
Segundo o delegado Márcio Tenório, responsável pela Polícia Judiciária da PF em Pernambuco, a recifense foi levada ao país asiático por uma rede de tráfico humano e encontrava-se totalmente desamparada no momento do resgate. “Ela voltou ao Recife sem nada, sem um centavo sequer”, destacou o delegado em entrevista realizada nesta segunda-feira (9).
O caso expõe uma rede de aliciamento que atua no Brasil e no exterior. De acordo com as investigações, uma mulher paulista — presa na ação ao lado de dois chineses — era a responsável por atrair brasileiras com falsas promessas de trabalho no exterior. Ela oferecia salários em dólar e prometia melhores condições de vida.
Com a prisão dos suspeitos, a PF apreendeu celulares que serão analisados para identificar possíveis vítimas e novos envolvidos. Há indícios de que outras mulheres brasileiras estejam em situação semelhante, especialmente em regiões do Sudeste Asiático.
O local onde a pernambucana foi encontrada, nas proximidades do complexo conhecido como KK Park, fica na divisa entre Mianmar e Tailândia. Segundo Tenório, a área é dominada por grupos criminosos e máfias que exploram atividades como prostituição forçada e fraudes eletrônicas. Ele explicou que a região é marcada pela atuação de forças militares paralelas, que favorecem o tráfico de pessoas e outras práticas ilegais.
A PF segue investigando o caso para localizar outras vítimas e desarticular completamente a organização criminosa envolvida no tráfico internacional de mulheres.