Na manhã desta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), como um dos réus na ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022. O depoimento foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Logo no início do interrogatório, Moraes questionou Bolsonaro sobre as alegações de fraude nas urnas eletrônicas. O ministro indagou qual seria o “fundamento concreto” para sustentar tais acusações contra o sistema eleitoral e os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em resposta, o ex-presidente afirmou que a defesa do voto impresso sempre fez parte de seu discurso político, desde o início de sua carreira parlamentar, e argumentou que críticas às urnas não eram exclusividade sua.
O depoimento representa uma etapa decisiva para a estratégia de autodefesa de Bolsonaro, que busca descredibilizar tanto a denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto os relatos apresentados na delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. Na segunda-feira (8), Cid confirmou em juízo que o ex-presidente teria lido, recebido e sugerido alterações em uma minuta de decreto com teor golpista, que previa a prisão de ministros do STF e parlamentares, além da anulação das eleições.
A ordem dos depoimentos segue critério alfabético. Bolsonaro foi o penúltimo a ser ouvido; após ele, será interrogado o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, por videoconferência a partir do Comando da 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro, onde está detido desde dezembro de 2024.
Antes de iniciar o depoimento, Bolsonaro declarou que pretendia falar por “horas” e manifestou o desejo de apresentar vídeos em sua defesa. Contudo, Moraes vetou a exibição das gravações, alegando que o momento é reservado exclusivamente para o interrogatório, e não para a inclusão de novas provas.